KOINONIA participa do V Encontro Nacional de Mulheres de Axé da RENAFRO 2025


KOINONIA participou do V Encontro Nacional Mulheres de Axé da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (RENAFRO), que ocorreu no Instituto Anísio Teixeira (IAT) em Salvador, Bahia, nos dias 30 e 31 de maio de 2025.

O evento reuniu lideranças femininas dos povos de terreiro de todo o Brasil em um espaço de articulação, resistência e fortalecimento político. Sob o tema “O matriarcado na luta pela democracia, pelos direitos sociais e justiça climática”, o evento reafirmou o protagonismo das mulheres de axé como guardiãs de saberes ancestrais e agentes fundamentais na construção de um país mais justo e plural.

Durante o encontro, foi enfatizada a urgência de enfrentar as múltiplas violências que incidem sobre os corpos, territórios e espiritualidades das mulheres negras de matriz africana, denunciando o racismo religioso como um dos principais obstáculos à plena realização da democracia no Brasil.

KOINONIA foi representada na mesa de abertura por Pedrina Belém, militante quilombola que saudou os presentes e reafirmou que, para além da representação institucional, estar naquele evento era gesto político, um compromisso espiritual, ancestral e urgente.

A mobilizadora comunitária contribuiu ativamente no 4 – “Enquanto houver racismo religioso no Brasil, não haverá democracia: a luta permanente pelo direito à saúde e à educação de nosso povo”, reforçando a necessidade de políticas públicas que respeitem as especificidades dos povos tradicionais de matriz africana, bem como o combate permanente às discriminações no o a serviços essenciais como saúde e educação.

“KOINONIA, organização que caminha ao lado dos povos de terreiro há décadas, afirma com toda a força que: as mulheres de axé são a espinha dorsal da luta por democracia, por direitos sociais e por justiça climática nesse país”, lembrou Pedrina.


Quando falamos em matriarcado, falamos de um poder que não se impõe, mas que sustenta. Um poder que alimenta, acolhe, cura e também grita, denuncia e resiste.

O encontro também foi palco de articulações em torno da justiça climática, reconhecendo o papel ancestral das religiões de matriz africana na relação equilibrada com a natureza e na proteção dos territórios sagrados. Nesse sentido, o matriarcado de axé se posiciona como liderança estratégica na luta por um modelo de desenvolvimento sustentável e antirracista.

É no xirê, na cozinha do axé, no cuidado com o sagrado e com a comunidade, que se forjam as bases de um outro projeto de mundo. Um projeto onde a terra é sagrada, onde a natureza não é recurso, mas mãe. Onde o corpo é templo, e não mercadoria, razão pela qual também é importante falarmos sobre justiça climática e sobre a necessidade de se ouvir as vozes das mulheres negras, das mulheres de terreiro, das mulheres do mato, da água e do fogo.


Na oportunidade, KOINONIA destacou a importância de se manter viva a memória das lideranças que pavimentaram o caminho até aqui, e reforçou a urgência de ações conjuntas entre sociedade civil, Estado e comunidades tradicionais para o enfrentamento ao racismo religioso e à violência institucional.

Ao final do encontro foi reafirmado que não haverá democracia enquanto persistirem o racismo religioso, a desigualdade de gênero e a exclusão social e que as mulheres de axé seguem na linha de frente da resistência, nutrindo o presente com os ensinamentos do ado e semeando um futuro de dignidade e liberdade para todos os povos.

Ao caminhar lado a lado com as matriarcas do axé, KOINONIA reafirma o seu compromisso com a luta antirracista, com o combate à intolerância religiosa e com a promoção dos direitos das comunidades tradicionais de matriz africana.

Texto de Pedrina do Rosário, Mobilizadora Comunitária de KOINONIA, com revisão de Natasha Arsenio, jornalista de KOINONIA.

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